Sou feita do ancestral barro vermelho do Crato.
Trago nos olhos e na alma o eterno mar da Bahia.
Pisei um dia o vermelho solo de Brasília,
a poeira fina cobrindo os dias,
os móveis,
o respiro.
Sob a aparência algo cosmopolita,
o mesmo barro candango.
Ali onde sonhos viram pedra
em beleza ou desalento.
O barro não floresce,
sedimenta em mim escrita e versos,
formas incubadas no barro das horas.
ANA CECÍLIA DE SOUSA BASTOS é psicóloga e professora aposentada da Universidade Federal da Bahia e da Universidade Católica do Salvador. Escreve poemas desde a adolescência, tendo participado de diversas coletâneas. Publicou Poemas, Uma vaga lembrança do tempo (Prêmio Copene, atual Braskem, 1999), Andanças, Escritos extraídos do silêncio, A impossível transcrição e, pela Confraria do Vento, Contemplação do mar (2022).
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