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gonçalo m. tavares


poemas aforísticos



 

 

a cidade

Colocado em cima do vazio o homem, estranhamente não desaparecendo, constrói a cidade onde cães, pássaros e gatos percorrem o pescoço dócil da casa.



a revolta

Dóceis e escravos engolem álcool durante a fornicação para que a geração possível, imediata e mesquinha, surja pelo menos com a coragem que a bebida dá.



a águia

Uma alavanca nos céus de força metálica no bico, solta para que voe, pesadamente ameaçando cair em bronze que mata sobre animais mesquinhos saídos do baixo, besouros cobardes feitos para uso único: a fuga.
 



a inveja ou a coragem

Para os sete planetas não trazes a chave. A Miniatura das coisas que podes abrir ou fechar dá o teu tamanho quando, encostado a um astro, traças a medida exacta da tua altura animal. E já sabes: nenhum elemento animal ou químico salta com significado.

 


o amor

As núpcias entre a felicidade e o homem são breves e mentem. Se três mil verdades dormirem no mesmo instante, uma única mentira poderá dominar um dia ou dois anos. Porém o sono desaparece como aparece um incêndio: sempre previsível, sempre imprevisível.
 

 

 

GONÇALO M. TAVARES, português, publicou a sua primeira obra em 2001. Em quatro anos lançou romances, poesia, teatro e pequenas ficções. No momento, quatorze dos seus livros estão sendo editados e traduzidos em diferentes países. Recebeu, em 2004, com o romance Jerusalém, o mais importante prêmio para originais em língua portuguesa, o Prêmio Millenium Ler – círculo de leitores Bcp e, em 2005, o Prêmio José Saramago. Recebeu ainda o Prêmio Branquinho da Fonseca, da Fundação Calouste Gulbenkian e do jornal Expresso, com a obra O Senhor Valéry (Caminho) e o Prêmio Revelação de Poesia, da Associação Portuguesa de Escritores, com Investigações. No Brasil estão editados, entre outros, os livros O Senhor Brecht e 1 – poesia.

 


 

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