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guilherme zarvos


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Mais questões Para o pensamento escolar, incluindo a primeira fase do terceiro grau, da zona sul de estudos sobre a cultura contemporânea, tudo começa com JK e o fusca, passando pela reorganização do projeto gráfico do JB, pela entrada do concretismo, Pop e Fluxus, a luta política cultural do início dos sessenta – aí embarcando o CPC, OPINIÃO e Mostra OPINIÃO 65, Tropicália – a entrada dos militares apoiados pela classe média e a destruição do AI-5.
 

F 89 Já em 64, as principais lideranças da era Jango foram exiladas, só voltando em 79, com a Anistia. Os anistiados são boicotados pela nova cultura do se agarre no que você conquistou, dos 80. O Brasil de 1976 dá uma guinada. É o ano de lançamento dos 26 poetas hoje, e seu desespero, e seu afastamento do embate com a morte de botinas do Leviatã.


Ainda bem que Sergio Cohn não deixou que a memória da Nuvem Cigana se fosse com a morte ou caduquice dos participantes, e fez com que as pontes entre o MAM do Rio de Janeiro, o olhar irônico sobre as Dunas do Barato e a chegada do Posto 9 fossem traçadas com jeito menos solene. Agora, pode vir o livro-gap que Xico Chaves prepara, sobre o tempo da Direção do Rubens Gerchman no Parque Lage. Maria Juça faria a do tempo dela. Vivi o começo do Circo Voador. Foi em 1980 e o Parque Lage estava abandonado. Esta restauração do passado vem sendo feita sem ousadia. Os Artistas Novos Ricos e os velhos poetas não desejam deixar fluir seu alegre início. Tão bem comportados que ajudam os acostumados,aos que esqueceram o que os porcos apagaram como Orwell mostrou; os que não vão deixando a memória não ajudar a constituir o novo país que persiste em não desmoronar, como depois de uma boa análise freudiana. O pragmatismo da encruzilhada.


O Poema sujo representando o fim das ilusões desenvolvimentistas com pitadas de transformação radical popular, e a mescla dos 26 de Heloisa ainda válida e cada vez mais canônica e belamente passada, e Trate-me leão dando voz ao novo grupo, o Asdrúbal, que dita muita moda até os dias de hoje, principalmente com a forte Regina Casé. E é 2010 e a rede Globo ainda se mantém no poder. Preferia várias TVs Futura, e haverá, e de outro lado com a Record brigando por um país mais conservador. TVs comunitárias, TVs públicas misturadas com sites propondo que faça você mesmo sua programação. Logo logo, meu irmão. E Gil é ministro da Cultura e Caetano vota contra Lula e Chico vende DVDs aos montes sobre sua vida realmente bonita, o filho da classe média idealizado. E os que cercam, principalmente o poder irradiador dos dois baianos, são agraciados pela sorte.


Jorge Mautner agradece a Jesus Cristinho, é verdade grande poeta, mas faz corte à dupla de Sãos, Caetano e Gil, que tendo vivido em São Paulo no início dos sessenta se embolam com os irmãos Campos e logo depois com os Mutantes e ao mesmo tempo, pouco antes, com a irmã Bethânia e ainda com Nara. Dupla que ama Vinicius e Sergio Buarque e a Semana de 22 (principalmente Mário de Andrade) e que depois, logo depois, 40 anos depois, no Rio de Janeiro, se abraça com Jards Macalé, Torquato Neto, Helio Oiticica, que se embola com os chamados marginais. E até agora é a memória dos vencedores que fica e acho que bem fica no país cordial, “afinal a ditadura matou muito menos aqui do que na Argentina”, pensam uns, “ao menos a ditadura tinha um projeto de desenvolvimento”, dizia Caetano no seu show, no Canecão, no início dos 90. E o país do que poderia ter sido não é pensado e o tempo passa e como muitos pensam a escravidão passou. E já faz mais de 100 anos e a escravidão não passou. Os a(u)(r)tistas ricos no poder com seus empregados ganhando 80 vezes menos é o natural. Seria intragável mudar a história quase feliz do Brasil entre 58 e 68 e, para os freqüentadores do Píer, até 72... Só que não é verdade. Ou é verdade? O Brasil de 22 era uma enorme Semana de 22 que mal saiu nos jornais do Rio pois estes estavam mais preocupados com a Feira de 22. E Ericson Pires foi o primeiro a me lembrar da tomada do poder dos modernistas simbolizada pelo hotel em Ouro Preto. E vou lendo mais e mais e de certa forma, a tomada do poder por Gil com o Tropicalismo e posteriormente os poetas marginais e, logo, o Rock Brasil dos 80. Todos têm algo em comum. Era como se só fosse possível o fio firmeza da tomada do poder dos modernistas – esquecendo o que foi devido a Getúlio Vargas, nunca engolido por muitos modernistas, vários no poder com Getúlio – inventando a Cultura Nacional em que os negros só entraram como personagens principais faz tão pouquinho tempo. sSorrrrrrrrrrrio.

 

 


GUILHERME ZARVOS é escritor, boêmio e articulador cultural. Publicou Morrer (2002), Zombar (2004), entre outros. É co-fundador, junto com o poeta Chacal, do CEP 20.000, pólo cultural que, desde 1990, vem confluindo várias gerações de poetas e artistas do Rio de Janeiro.
 


 

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