
guilherme zarvos
humildade mascarada
Escrevo porque as injustiças,
os dramas humanos, a beleza, o bem escrever, provocam e acordo e as
palavras no computador ou na caneta me acalmam: mais do que uma dose.
Sinto-me como na Ditadura Militar. Estamos na democracia e a maioria é que
manda e a maioria concorda com o controle: em nome dos empregos e dos seus
filhos.
Falta solidariedade com os diferentes e fecha-se bares e não solucionam os
bares. As bandas de música fazem barulho e não se cria casas públicas com
tratamento acústico para elas.
É mais fácil proibir por Associação de Moradores da maioria que não gosta
de ajuntamento. Que tem medos que seus rebentos caiam nas drogas, na
devassidão e nunca na respiração.
Não existem políticos ou grupos organizados para o permitir. A Sociedade
Letrada está na prostração de brincar do gosto perverso ou dramático. Em
Cabul ou numa galeria. Aqui não.
Humildade mascarada contra os inimigos da liberalidade e ações diretas
organizadas. Alegria e Fortaleza. E leitura. As palavras ensinam a calma e
estimulam o desejo.
Ir para São Paulo para a ABRALIC. Humildade mascarada. Convencer o
professor cansado que só gosta do Machado que há mais, muito mais. Viva
Lima Barreto, José Celso e Botika.
Os grupinhos sejam da mercearia ou do açougue tomam como inimigos os
portugueses concorrentes da vizinhança. Muitos nem estão aí para o salário
mínimo.
The press. FLIP. Comida boa cara e poetas. Entretenimento. Prozac. Medo
muito medo. Você não gosta de mim mas o seu filho gosta. Escreve e
delicia-se na leitura para além da pousada.
18 anos de CEP 20.000. Cachorrinhos de rabos abanando. É necessária a
formação de Multidões. CEPolítica. A paz obrigatória perturba a criação.
Hitler foi eleito pela maioria. Collor too to. No Japão tentarão combater
obesidade com punições para os gordos. Passei a comer mais e a fumar
cigarro cancerígeno.
Paloma Vidal, Rodrigo Bittencourt e Paulo Fichtner lançam bons livros.
Resistem. Os controladores pouco lêem. Assistem. Para coibir.
Maconheiro, berra o vizinho. Pode-se plantar na varanda? Whay not, my dear?
Burros de carga, ladrões dos sonhos, super patetas. Vivam até 100 anos e
sejam devorados por nada.
Um passinho à frente que está mais vazio. Raspão inocente de caralho e
bunda. Carros para as mulheres, burkas, proibição de circulação para
menores. Desigualdade de renda: normal.
Quarta Frota nas costas do Brasil Petróleo para proteger o país de
narcotraficantes terroristas. Fora aborto sexo livre e menos horas de
trabalho. Fora bolsa famélica. Riqueza para os ricos.
Mas no Rio de Janeiro os novos empreendedores, os libertários, as vozes
emergentes vão bem. Gentil Carioca, Casa da Matiz, Plano B, Loja
CEPensamento, botequins e vozes vozes: apareçam.
Finalmente os Pontos de Cultura terão seus números ampliados. Os governos
necessitam fiscalizar para não serem pontos de sustentar os que fingem que
fazem. O CUCA não faz.
Amanhã vou para São Paulo. Como é uma revista eletrônica, a parte final do
dever de casa, cívico, é escrever, só me pedem na hora de cima, será
completado sobre observações sobre Sampa, visitarei a Casa do Mário e
passearei no domingo pela Alameda Itú. Dizem que tem um shopping Gay na
região. Conto tudinho na volta. Até o que anda fazendo o Marcelino Freire.
Vou estar na Casa da Paloma vidal, encontrarei-me com o Flavio Amoreira e
com o Edson Cruz. Irei conhecer a Mercearia, com Cecilia Palmeiro, e só
beberei na quarta para ir no Love, no Centro de São Paulo. Visite o artigo
do Zarvoleta daqui uns dias. Ubté.
Borboletas –
Levo para ABRALIC o segundo livro do Botika na esperança que um editor
entenda. É ainda melhor que o primeiro. Se ele quisesse o editaria, mas
Botika, da família real transversa, quer editor
MAIOR.
Merece. O Chinês pode ajudar. Senão vou pedir ajuda ao Delfim Netto.
Deu no Jornal
Mãe de João:
- Não aceito nenhuma desculpa de Secretário, de Governador.
(Como as Mães de Maio, como Antígona chora o filhoirmão, o que não pode
ser enterrado, o fantasma que deve permanecer, com pedra com olhos e
respiração)
GUILHERME ZARVOS é escritor, boêmio e articulador cultural. Publicou
Morrer (2002), Zombar (2004), entre outros. É co-fundador,
junto com o poeta Chacal, do CEP 20.000, pólo cultural que, desde 1990,
vem confluindo várias gerações de poetas e artistas do Rio de Janeiro.
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