|
revista |
editora | links | ||||||
|
|
guilherme zarvos Luluzinha e Bolinha
Guimarães com a boca aberta, uma boca enorme como a de Di Cavalcanti no filme proibido pela família de Di, o lindo curta de Glauber sobre o velório do belo Di. A boca de Guimarães estava enorme e pensei que ele tivera um ataque, mas nada disto, o velho roncava. Desgraçado me pegando susto. Esmaguem Don João VI, encosto das palavras de Voltaire sobre a Igreja Católica de seu tempo. Um Secretário do Rio de Janeiro resolveu que toda a isenção fiscal municipal para produção de áudio-visual, coisa e tal, deste ano é para retratar o que significou a chegada da Corte no Brasil. Vai gostar de Corte lá na Sesmaria de um pedaço do Maranhão! Não que o Rio como chefatura da Corte não deva prestar sua homenagem a tão glorificante chegada. Nada disto, que os monarquistas homenageiem, que os republicanos falem, por exemplo, da vida de Benjamim Franklin, mais ou menos na mesma época, mas as abóboras daquela época têm de ser misturadas com liberdades temáticas do contemporâneo. O Rio não pode ter a cultura imposta de um Secretário Municipal que assessora muito mal o Prefeito ao deixar que aconteça tamanha barbaridade. Imagine a Secretaria Municipal equivalente lá de Sampa obrigar aos filmes com isenção a se reportarem à chegada do Anchieta por terras paulistanas. Tinha um paulista que falava: - como vocês sabem, o vovô Tibiriçá... O Secretário do Rio poderia utilizar na seqüência,: - pois o vovô João, quando chegou, deixou até que os portos se abrissem...è claro, antes os portos estavam fechados por mando do vovô João. Se fossem flechados podia ser coisa do Tibiriça ou do filho do Ramalho, que assustou a iniciante Santos, dizendo que acabaria com a inquisição a flechadas, já que queriam obriga-lo a não ter mais de uma mulher. Um bando de corta-tesões. Ora pois! Pois tinha de ver o MAC-Niterói quase decolando nos dias 27 e 28 de abril, cheio de gente que não costuma freqüentar museus. A beleza contrastando com o MAM-Rio de Janeiro, sempre vazio. Lembrar que do seu início até 1973 o MAM juntou uma galera de responsabilidade dali saindo tanta transformação mesmo no auge da Ditadura. Esmaguem Don João VI, mas que deixem Lauro Cavalcanti no Paço, um Museu/Espaço que funciona com pouca verba e muita inteligência. Na galeria Gentil Carioca o Guga Ferraz amontoou uma pirâmide de ninhos metálicos ao abrigo dos desabrigados. A Gentil Carioca é a prova de como fazer sem pedir licença para ortoridadis. Mas parece que vai mudar, tenho andado nos metrôs e vendo mais gente lendo. Tem até projeto de leitura no metrô. Como não saiu do papel um projeto municipal, estadual ou federal de verga dura na literatura, projetos pequenos somados são belamente vindos. Como uma noite no Circo Voador, em abril que se arrecadou quase três mil livros entregues para uma penitenciária ou o Corujão da Poesia, do João Luiz, como a Sopa de Pedra, juntando livros e levando-os para uns três lugares de precisão. Ler é ter seu canto pessoal num mundo de imagens inúteis. Imagino o Silviano Santiago de pijama de seda, encostado ao abajur lendo um dos trucentos livros que lhes chegam às mãos e sempre bem-vindos. Agora com a Internet ainda mais. Mandem livros para os outros que outros lerão ou passarão para outros que lerão. Podem crer, o fenômeno é explosivo se não se quiser necessariamente ser citado pelas meninas do Globo com sua pilha poderosa. A propaganda. Ricardo Domeneck e seu A Cadela sem logos da 7 Letras/ Cosacnaif, que junto com o Intradoxos do Márcio-André e Contra o Chão e o Vento de Paulo Fichtner, dois ótimos lançamentos da Confraria do Vento, vão dando não há lento na poesia do momento. Enquanto isto o Sergio Cohn prepara a fala da Nuvem Cigana, livro que será importantíssimo de ler para juntar o Rio que ia do MAM até Ipanema passando por Brasília, em tempo de Ditadura. Sergio está editando falas e formando uma fala afetiva e fundamental para um maior entendimento do período que se embola com os 26 Poetas hoje, de 1976 e desembarca no Rock Brasil e no fim do da primeira metade do Século passado. A segunda metade do século passado terminou com o 11 de Setembro e a eleição e reeleição do Lula. Pontinhos, pontinhos, uma homenagem ao Geléia Geral do Torquato. E Silvio Back lança seu cruel retrato dos últimos dias de Zweig no Brasil. A crueldade está hoje associada aos temas horríveis, porém banalizados da violência dos jornais e do Baixio das Bestas. Só que a crueldade é mais forte quando descrita por um poeta como Back e sua destreza em misturar ficção e realidade sobre um monstro sagrado como Zweig e mostrar um Getulio Vargas cruelmente diminuído e o filme faz-nos voltar ao cinema que vem do início dos 70. Back faz um filme em inglês sem ser subserviente. A perda da língua e da territorialidade. Precário e intolerante ou insolente. Bom filme. Back é autor do mui belo Cruz e Souza. Na outra ponta, a crueldade também positiva do Batismo de Sangue. Ali, a tortura é mostrada de uma maneira que não dá para imaginar. Um crítico do Globo achou excessivo: acho que ele prefere a crueldade do livro dos porquinhos. Quem já se excitou com Chapeuzinho e Porquinhos e com a má Velha da adormecida. Só que pau de arara é cena para ser vista: uma menina de 9 anos, levada por sua mãe para ver a atual Auschwitz falou na saída: -mas mãe, isso não é programa para criança. Confrades da ventania, pontinho pontinho, o livro do Fabrício Noronha, Sangue Som Fogo, poeta e performance, com banda, procura, está ótimo. O lançamento em Vitória foi demais. Vitória é a nossa Paris, nossa Veneza, parece o Rio dos anos 70 sem ditadura, que está dura aqui até hoje. O Cabral depois que defendeu uma possibilidade de liberação de drogas para diminuir a violência ganhou a simpatia da galera. Corajoso. Só que a Sociedade de Controle de filhos e netinhos quer é sangue e cana para qualquer errinho.Afinal um maluquinho que estiver vendendo droga, não o Barão, comete crime hediondo. O país de não tem escola faz duas gerações querendo encher de avião a prisão. Vai encher de aviãozinho. Vou me embora para (a)Vitória...
|
|||||||
|
|
||||||||
confraria do vento |