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1 - A Retomada da UNE – União Nacional dos Estudantes

 

 

O prédio da UNE na Praia do Flamengo no Rio de Janeiro, em 1964, foi queimado na fase de caça às bruxas posterior ao Golpe militar. Ele simbolizava um movimento que estava na mesma direção das Reformas de Base do Governo João Goulart. A fúria contra os Estudantes, assim como contra o jornal Última Hora, que foi empastelado, tem de ser pensada até hoje. O Brasil de 64 tinha 1% da população nas Universidades, principalmente Públicas. Agora tem 9% da população, cursando, na maioria, Universidades e Faculdades privadas. O Ministério da Educação pretende aumentar as vagas públicas e, também, a controvertida ação de ganhos de vagas nas Instituições Privadas em troca de dívidas e isenções fiscais. Se tivesse uma eficientíssima cobrança de bom ensino até pode ser uma boa algum dinheiro público em diferentes Universidades não-Estatais. Com a maioria sendo Públicas/Estatais e com autonomia. Parece-me que os concursos para professores deveriam ter duração de certos anos com alguns concursos para poucos e definitivos professores. Cursos técnicos de maravilhosa qualidade como justapostos.

 

O ódio para com a UNE, com estudantes de origem da classe média e de alguma minoria popular com forte participação representativa, era emanado do poder vitorioso porque a UNE era ouvida. Tinha poder no Brasil dos 60.

 

Agora os estudantes retomaram o que é seu.          N

 

Culminando o encontro de cultura da UNE, no Rio, na Lapa e outros lugares, mas principalmente na Lapa, a quinta Bienal de Arte Ciência e Cultura da UNE, bastante organizada pelo CUCA (Circuito Universitário de Cultura e Arte), que foi uma beleza.

 

Estão na Praia 

 

                                                                       O

                                                                                   

 

do Flamengo estudantes de todo o Brasil acampados em containeres. Têm satisfatória qualidade de vida para que se agüente os meses necessários até que se possa erguer a nova Sede que tem projeto pronto do Oscar Niemeyer.

 

                                                                                   S               SO       

 

Imaginar uma obra do Niemeyer, um prédio público da fase posterior a Brasília, na Praia do Flamengo entre o eclético e pitoresco Castelinho do Flamengo, hoje Centro Cultural com bom acervo de vídeos, e a fortaleza, no sentido Espinosiano, que é o Palácio do Catete, é de encher os olhos de felicidade. O Rio de Janeiro e a Praia do Flamengo merecem. Somado a isso, e principalmente a isto, um lugar de pensar o Brasil, reunir as reivindicações estudantis e compartilhar os CUCAS que, se libertários, podem fazer muito pela cultura com olhar da juventude inovadora.

 

 

2 - Gerardo

 

Faleceu e foi enterrado, ontem, dia 10 de março, no Cemitério São João Batista, num dia azul-límpido o poeta Gerardo Mello Mourão. Morreu sereno aos 90 anos que completou já em coma. Os poetas deveriam fazer 90 anos em coma ou no estado em que podem talvez meditar, ouvir ou não ouvir, a situação de margem de vida e palavras que os poetas agudam. Vejo o livro magistral de Gerardo

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Os Olhos do Gato, 2002, pequena edição do autor escrita ao saber da  Ore de um poeta querido Edi Simons, na minha frente. Perto, Os Peãs, incluindo O País dos Mourões. Só estes dois escritos valeriam a vida do poeta. Porém Gerardo Mello Mourão, no sentido do poder da paixão ou da força do ser poeta, teve uma vida de peripécias fabulosas, sem, neste momento, pensar em pontos cronológicos de uma vida tão fértil. É do espaço da potência, para além do homem, que teorizava Nietzsche, mesclado com um misticismo estético cristão profundíssimo e erudição imensa, tão cara aos escritores até os Modernistas anteriores aos anos 60, que é feita a cascapele de Gerardo. A Erudição e amor às palavras como conceitos e liga; até a palavra impronunciável. Gerardo deixou  um livro praticamente pronto. Não o queria dar por finalizado. Temia morrer. Espero que possamos lê-lo o mais breve desejável. Que uma homenagem numa roda de fogo ou num barco, como as narradas por Gerardo em seu Olhos de Gato, se realize!

 

 

3 - Livros

 

Fui ao poeta e volto para a Une. Para ser importante tem de ter palavra forte. O Governador Cabral falou em legalização de drogas, no caso leves, qual é a posição da UNE sobre o tema? Por que o Presidente da Une, Gustavo Petta, cara de primeira, não vai fazer junto com uma rapaziada da buena, “das ciências, Deus meu, das Ciências”, uma visita ao Niemeyer para que a maquete da nova Sede seja feita? Com a benção camarada e comunista e artista e ativista e bom de vista Oscar? A Une está legal, engraçado a UNE na Praia do Flamengo ter uns seguranças com cara de boate na porta. Mas é solução de uma UNE que pode representar 9% de uma população e pode pensar com as possibilidades que Estudantes e Simpatizantes devem compartilhar. Ainda tem uns caras de donos do pedaço depois que um visitante simpatizante ultrapassa os seguranças para compartilhar de estar lá. Na Praia do Flamengo esperando a nova Sede chegar. Tem de ter uma posição mais agradável para quem vai visitar o acampamento. A UNE não pode ser aparelhada ou ter posição de cunho privatista. A UNE tem de lutar por uma Política Pública de Leitura fora e dentro das Instituições. Ler porque está instigado e desejoso. Têm uns pequenos eventos rolando e estão legais. Mas uma atitude Pública mais forte um pouco já anseia a hora. Abraços para o Gustavo Petta, Presidente da UNE e para o que foi o coordenador da equipe que bolou as atividades do CUCA da quinta Bienal UNE na Lapa que é o Tiago Alves. Duas boas presenças. Um abraço para o Ministério da Cultura e alguns de seus Pontos Culturais que estão dando força para mais de uma dezena de CUCAS de diferentes cidades brasileiras. Falta muito. Falta até 1% do Orçamento Público para a Cultura. É deixar ir. Ampliar o diálogo é

 

 

                                                             

              O

 

                                               RA




GUILHERME ZARVOS é escritor, boêmio e articulador cultural. Publicou Morrer (2002), Zombar (2004), entre outros. É co-fundador, junto com o poeta Chacal, do CEP 20.000, pólo cultural que, desde 1990, vem confluindo várias gerações de poetas e artistas do Rio de Janeiro.
 


 

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