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rod britto
Cola (aos sós ou um milhão)
Abril de 1824. Panfleto imprensado entre o cóccix da colina e a espinha
de uma bananeira
Gargarejos bífidos: é aqui com isso que se tem direito. E a muito bolo de
milho e saliva, e direito. Direito é papa natural, se coloca pra fora
depois de ter vindo ter na boca. Pois que ganhem mundo cãezinhos franzinos
do pastoreio, ponham saliva pra fora avisando nos apartados redemoinhos
dos espíritos antes provocados nas taperas, agora só sob a casmurrice dos
seus folguedos curvos, as suas imperiais chegadas de direito, anunciem
isso, resfolegando os cabinhos das ventarolas limítrofes da tal corte e
não cuspindo nos vazadouros seus rios que daqui a um tempo fios de córrego
sumindo sumindo. Façam-no com muita garganta, sem ser defesa de pastor,
porque não são pastores porque não querem novelos num montículo de espuma
a defender porque só bem deixam rastros, rastros, rastros, por direito. O
basculante oleoso vazando da boca, selvagens, naturais. Mas no meio da
trilha na mata – desculpa se não a conheço tão bem como vossos instintos,
ih, ih, ih – só verifiquem os falsos igarapés que se apresentam da justiça
Ipiranga, são baixios, sem altura sobre alguém, no entanto, tocaia,
discurso, cortando a onda da cana em quem gosta chupar uminha, sobrando
nestes apenas covinha de vergoinha – porque também estes não sabem do bolo
de saliva e o direito, como podem fazer pra liberar a fole nas bochechas
gerais e ter a descoberta da verdade de existir longe desse desmatamento
covarde às terras, porque os pedregulhos são a apatia de seus pés, como
bares e pântanos parados sem ganhar mundo, a só enredar catatonias, a não
germinarem jenipapos no dorso, a não domesticarem cupuaçu e babaçu rimam
que é bem direito daqui. Distraem e não reconhecem o direito que tem. Logo
que eles sabem disso, formam o nosso um grupo de direito, sempre que tem
um espertalhão querendo bancar de sabe mais, ofensivo, bandeiradas, desta
vez posso falar por mim, nestas florestas só estas virgens, e desconhecido
por aí. Então, vocês, polinizando o direito, achando seu caminho original
nisso. Segue lá um próximo conhecimento de direito, o panfleto por aí.
Março de 1999. Panfletos como a luva remediúnica à centraralhada a
frissonar
Aos excluídos em geral na sociedade, ou opte por mudar, ou se escafeda, é
assim mesmo que é nylon fifilando na risca das duas bocas, não discorde
não da diferença, ou blindagem do seu como do nosso tabuão já sem demora,
não dando, porque sai o carro, entra o caro, estou claro, saiam da frente
e não dêem passagem e estada aos farcênicos piores de tudo um vrum vrum
vrum preto claro. Hein; se mostram seus direitos, recheios, filmes,
espelhos, onde?! Aos gerais, semelhantes no sem direito a nadinha sequer.
Povão: ventiladores sociais bilheteiam homens de todos os tipos, e ao
deixar passarem pegam eles de morte, pois quem for diferente vacilou por
ser nascer assim meu filho, vejam ouçam saibam já que virar a cabecinha
não desova as costas porra nenhuma só divulgam não pisoteiam os miúdos por
isso do seu corpo proibido senão ficando muito bravas aqui e em todo lugar
ininterrupto as pás atiradeiras de lâminas blindex do ventilador social
que bem mal estão aí a sonegar os homens e as mulheres e os velhos e as
criançadas, que ficam a tartamudear já sendo muito o que fazem bater bola
murcha olhem pra cá peguem papelinho cru como nossos pais. Reajam: sobre o
encravado tecido social jaz uma malha esporte democrática. Sim! De direito
a vocês. Excluídos e sem direito por aclassépticas, pavoneões de cor que
serelepam bem, criouléus, credos!, setores, remunerações, comunidades,
porodifícios, dialéxicos, redomas, aranhas, canecas, goteiras, por aí vai.
Panfletêem isso É...
É. Deflagrem seus revolvéres 38 de opulência e 39 de alegria, optem por
isso, como que de um pralapracar na conquista exemplar dos prédios
roscadões monásticos os santinhos vem do céu repletos das diretivas às
farras liberais episcopais também arranjos de moça virgem, fuzarca geral,
a hora a tendência. Suspirada, gente. Espertar com o direito nosso. Fecha
só um olho se não quer perder os dois caindo à massa. Erguei com esta
força servente ao céu uma cobertura de boldos e dilemas do recado.
Descontinuem, não façam por favor.
ROD BRITTO é
jornalista e escritor, autor dos livros Barriga D’Água e Os Infames (junto
aos poetas Guila Sarmento e Xisto da Cunha, os outros Infames, que seguem
em atividade, propondo leituras e linguagens paralelas à poesia gentil).
Participou também dos livros CEPensamento, pela Editora Azougue e
República dos Poetas, uma Antologia do Museu. Atualmente, é um dos
organizadores do evento multimídia CEP 20.000 e edita o Jornal Alto
Falante Cultural.
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