editorial
A
construção da Confraria tem se pautado por duas razões fundadoras: o
respeito pelas diferenças e o trabalho em cooperação. Acreditamos que a
excelência é conseguida com a discussão contínua, o debate constante e a
contribuição permanente, sobretudo no que toca ao ambiente das artes e
suas interpretações, da filosofia e seus conceitos, da literatura e seus
caminhos. As veredas são estreitas, os atalhos são armadilhas e muitas
vezes a clareza não é tão clara assim.
Vamos ao ar com um patamar icônico seguindo a linha mais definitiva para
nós: a costura universal das linguagens. Assim é que um angolano, João
Tala, pode dialogar com Macdara Woods, poeta irlandês e Paul Valèry com o
mestre Eckhart, distantes no tempo cronológico, unidos no tempo
intelectual-filosófico. Nossos colunistas com visões as mais estranhas
entre si sentem-se confortáveis lado a lado, respirando a fumaça doce
emanando dos seus conflitos e compondo o todo.
Sacolinha e Lima Trindade são os mesmos-distintos. Vicente Franz Cecim,
amazônico, profundo e invisível confraterniza-se com Roberta Calábria.
Quanto às matérias, encontramos Lalo Svoboda, da Letônia, sendo
apresentado a Tununa Mercado, da Argentina, em seus desesperos e buscas
particulares.
Dobramos o meio do ano lembrando da frase antológica de Gagarin: “— A
Terra é azul!” Para nós além de azul, a Terra é Blu e suas cabeças
cortadas, membros esfacelados, homens mortos por livros atômicos, o dedo
divino esmagando os mortais. Confiram a trilha sonora de Ezra Pound,
raridade para muitos. Lembrete: não há fantasmas na Phantascopia, mas a
figura viva de Guillermo Cabrera Infante. Podem passar!
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